A pílula é usada por mais da metade das brasileiras, mas em algumas circunstâncias, está ligada a complicações graves. Uma auxiliar de cozinha de Goiás, de 23 anos, estava trabalhando quando sentiu uma forte dor de cabeça acompanhada de tontura. Em seguida, parou de escutar com o ouvido esquerdo, começou a vomitar e a visão embaçou. Em pânico, ela procurou um hospital. Os médicos primeiro pensaram que era uma labirintite. Depois, cogitaram uma crise de sinusite ou até mesmo um derrame. Uma semana depois, veio o diagnóstico: trombose venosa cerebral provocada pelo uso do anticoncepcional.
O relato é assustador, principalmente porque 61,6% das brasileiras tomam o comprimido regularmente para evitar a gravidez, segundo o IBGE. É claro que quando se lê um depoimento real como este acima, as mulheres que fazem uso da pílula ficam desesperadas. Nas redes sociais já existem páginas que discutem o assunto. São as chamadas “vítimas de pílulas anticoncepcionais” ou “Unidas em Favor da Vida”. Já são mais de 58 mil seguidoras. Os relatos mais comuns são de tromboembolismo, o mesmo que viveu a paciente de Goiás. Porém, não dá pra sair por aí condenando a pílula. O tromboembolismo causado pelo anticoncepcional é um fenômeno raro. De acordo com a Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Canadá, independentemente do uso do remédio, o problema já atinge uma em cada 2 mil mulheres por ano. Se a pílula entra em cena, o índice pode duplicar.
Em geral, o contraceptivo só desencadeia a complicação em uma conjunção de fatores. Na maioria das vezes, as mulheres já apresentam uma trombofilia, condição genética ou provocada por doenças autoimunes que desequilibra o processo de coagulação do sangue.
Checklist
Mas pra evitar problemas graves, é bom que as mulheres se conheçam e conheçam o histórico de suas famílias. Se alguém na família sofreu a complicação, você pode ter uma pre disposição genética. Nesses casos, o médico pede um exame para flagrar a trombofilia. Se der positivo, a pílula combinada deve ser evitada.A pílula também pode contribuir para aumentar a pressão arterial. Por isso, se você já tem esse tipo de problema, o anticoncepcional não é uma boa ideia.A aliança entre tabagismo e a pílula pode te matar. Os vasos sanguineos ficam mais estreitos. O coração e o cérebro sofrem. Se tiver com sobre peso, a pílula também deve ser evitada.
Tomar ou não tomar
A decisão de tomar ou não a pílula deve respeitar uma série de fatores. Cada pessoa é de um jeito. E existem diversos métodos contraceptivos. Por isso, a orientação é procurar um médico. Fazer exames detalhados. E só aí escolher o que é melhor pra você. Desde 2004, a Organização Mundial de Saúde faz essa recomendação e ainda reforça que os ginecologistas devem alertar as pacientes sobre possíveis complicações.] Mas existe o outro lado da moeda. A pílula combinada também traz benefícios. Ela controla o fluxo e a frequência da menstruação, reduz sintomas da TPM, como cólicas e ainda ajuda a evitar as espinhas no rosto. Um trabalho publicado no The Lancet Oncology concluiu que, a cada cinco anos de uso, a medicação está associada a um risco 25% menor de câncer no endométrio. E cálculos do Instituto Nacional do Câncer americano sinalizam que meia década de utilização faz cair pela metade o risco de tumores nos ovários.
Métodos Contraceptivos
Além da camisinha, existem outros métodos no mercado:
1. Pílula Combinada: Mais usado no país. Contém estrogênio e progesterona. Ajuda a controlara TPM, pele oleosa e cólica menstrual. Mas se houver propensão eleva o risco de trombose e problemas no fígado.
2. Adesivo Semanal: Tem os mesmos hormônios acima, mas tem menos repercussões gastrointestinais. Não é a melhor opção pra quem pratica esporte e fica exposto ao sol.
3. Pílula de progesterona: Recomendada pra quem não pode usar a pílula combinada e para aquelas que não querem menstruar. Pode gerar retenção líquida e afetar o humor e a libido.
4. DIU: São dois tipos: o de cobre sem hormônio e o com progesterona. Ideal pra quem precisa evitar a pílula e quer uma solução a longo prazo. O de cobre pode provocar cólicas.
FONTE: Revista Saúde Vital – set/2015