A epidemia da obesidade continua fora de controle. Segundo a Federação Mundial de Obesidade (WOF, na sigla em inglês), se 11,5% dos adultos estavam bem acima do peso em 2011, esse número subiu para 13% em 2014. Nesse ritmo, 17% da população com mais de 18 anos estará assim daqui a dez anos.
Mas e se a gente, em vez de focar nos deslizes dos gorduchos, olhasse para o comportamento de quem, no meio de tantas guloseimas, telinhas e telonas, sempre se mantém em forma? Com esse raciocínio, Wansink criou no ano passado o Global Healthy Weight Registry (ou Registro Global do Peso Saudável), no qual pessoas que nunca brigaram com a balança respondem a várias questões sobre o próprio estilo de vida.
Esse banco de dados ainda reúne poucos voluntários – são 147. De qualquer jeito, os primeiros resultados do estudo, recém-divulgados, trazem revelações com potencial para superar o chamado ambiente obesogênico. Prepare-se para espiar a vida dos magros saudáveis!!
Dados da pesquisa:
147 participantes
118 mulheres
Altura média: 1,68 m
Peso médio: 61 kg
43% deles tinham 41 anos ou mais
33% tinham entre 26 e 40 anos
24% ficaram abaixo dos 25 anos
SEGREDOS REVELADOS
1. Eles não pulam o café da manhã
Sair de casa sem comer nadinha? Essa definitivamente não é uma opção para a maioria dos entrevistados no estudo – 96% relataram ter o hábito de tomar café da manhã. Mas o achado não chega a ser uma baita surpresa para os especialistas. Em uma análise recente da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, cientistas avaliaram 2 132 adultos e concluíram que pular o café representou um almoço com 202 calorias extras para os homens e 121 para as mulheres. Em um mês, isso representaria aproximadamente 4 800 calorias a mais.
2. Adoram frango
A maior parte dos voluntários (61%) colocou o frango no topo da lista. Seu grande ponto positivo, especialmente se considerarmos a parte do peito sem pele, é ter menos gordura saturada do que a carne bovina.
3. Incluem salada no almoço
A pesquisa diz que 35% dos entrevistados comem salada no almoço todo dia. O que salta aos olhos é regularidade: todo santo dia! Há bons motivos para associar esse comportamento à perda e à manutenção do peso. O corpo agradece quando alternamos verduras e legumes, já que cada um tem seus atributos. Uma boa é se guiar pela cor. Se conseguir incluir três porções, com tons diferentes, está ótimo.
4. Lancham frutas e oleaginosas
Os magros da pesquisa não ficam horas e horas sem comer. E por que isso é importante? Estudos apontam que a quebra do jejum aumenta o metabolismo basal em até 15%. Isto é, você acaba queimando mais calorias. Sem contar que chega menos faminto às refeições principais. É óbvio que o tipo de lanche conta muito. Não adianta comer uma coxinha e se entupir de refrigerante. Aposte em alimentos mais saudáveis, como frutas e oleaginosas, bastante citadas no levantamento americano. Agora, se o intervalo entre o almoço e o jantar for bem longo, apenas uma maçã ou um punhado de amêndoas provavelmente não serão suficientes para aplacar o apetite.
5. Comem vegetais no jantar
Apesar de essa refeição ser temida por quem começa um regime, não há provas definitivas de que seja um empecilho para o emagrecimento. O crucial é fazer escolhas balanceadas. A maior parte do pessoal recrutado para o trabalho americano não abre mão de degustar vegetais à noite. Eles têm fibras, que dão saciedade, são cheios de antioxidantes e pouco calóricos.
6. Não abusam de refrigerantes
Na realidade, 35% deles passam longe desses produtos. Um comportamento aplaudido por quem entende do assunto. E o suco? Em doses moderadas, é uma boa alternativa – desde que de verdade, ou seja, 100% fruta e zero aditivos. Evite os néctares e os refrescos, porque apenas uma parte é polpa. E, assim como os refrigerantes, eles são muito doces.
7. Não deixam de tomar vinho, cerveja…
O dado de que só 19% são abstêmios corrobora um levantamento clássico, com 161 mil mulheres, batizado de Women’s Health Initiative. Talvez isso tenha ocorrido porque as pessoas que bebem moderadamente ativam o sistema de recompensa do cérebro e tendem a socializar. Assim, não descontariam tanto suas frustrações na comida. Mas a orientação não é entornar o copo.
8. Têm consciência do que comem
Sem neurose. É apenas uma questão de não ligar o piloto automático durante as refeições. Quando o indivíduo come prestando atenção nas garfadas, sente mais prazer e nota a saciedade chegando. Se está com a cabeça em outro lugar, só vai parar quando estiver empanturrado.
9. Não fazem regime
Mais de 70% do grupo analisado apostou em dietas ou medidas restritivas. E, antes que alguém comece a se perguntar, isso não contradiz o tópico anterior – uma coisa é se concentrar na alimentação, e outra bem distinta é seguir um cardápio fechado e, portanto, limitante. Dito de outra maneira, esqueça os modismos e desconfie dos profissionais que veem protocolos rígidos como a única saída para emagrecer. Além de fracassarem no longo prazo pela monotonia e pelo radicalismo, essas estratégias bagunçam nossa relação com a comida.
10. Praticam exercício
Só um em cada dez voluntários do estudo rechaçou o acúmulo de gordura na barriga sem mexer o corpo. O restante do pessoal suou a camisa com regularidade para preservar a finura. E não pense que a prática esportiva se limita a elevar o gasto de energia durante sua execução. Uma musculatura desenvolvida queima calorias mesmo quando estamos em repouso. A atividade física também faz com que o organismo priorize um pouco mais a gordura entre as fontes de energia à disposição e, de quebra, favorece a sensação de saciedade.
11. Pesam-se com frequência
Via de regra, nós somos péssimos para identificar mudanças corporais – ou demoramos para perceber os quilos de sobra ou acreditamos piamente que aquele pneuzinho inflou, mesmo que nada tenha acontecido. Nesse contexto, subir na balança de vez em quando ajuda a acompanhar a evolução da forma física.